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Uma reflexão para prefeitos, vereadores e demais agentes políticos sobre a imagem pública nas redes e o impacto real de suas ações



Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais comum avaliar o desempenho de uma figura pública pela quantidade de curtidas nas redes sociais. Entretanto, essa métrica, embora visível e tentadora, não conta toda a história. Muitos políticos acreditam que aqueles “dedinhos azuis” do Facebook representam fielmente a aceitação ou rejeição de suas ações. Ledo engano.

A realidade é que o Facebook não exibe o número total de pessoas que acessam uma determinada reportagem ou postagem. Ele apenas mostra o número de interações voluntárias, isto é, quem clica em “curtir”, “comentar” ou “compartilhar” de maneira ativa e consciente. Em contrapartida, há ferramentas como as do Google (Google Analytics, por exemplo) que possibilitam aos portais de notícias verificar quantas pessoas de fato visualizaram uma determinada matéria. E muitas vezes esse número é dezenas – ou até centenas – de vezes maior do que as poucas curtidas e reações exibidas na postagem.

Imagine uma notícia relacionada à gestão de um prefeito: ela pode ter apenas uma ou duas curtidas no Facebook, mas, no back-end do site de notícias, constatar-se que houve mais de 1.700 acessos. Esses números provam que pessoas estão lendo, formando opinião e debatendo, mas nem sempre expressam isso por meio de um botão de “curtir”. O alcance, portanto, é muito mais amplo e complexo do que se supõe.

O que isso significa para um prefeito, vereador ou qualquer agente político? Muito mais do que se imagina. Deputados e assessores que acompanham o cenário regional – observando atos de perseguição, excesso de polêmicas ou radicalismos – podem se sentir desencorajados a estreitar relações ou enviar recursos para tais gestores. A lógica é simples: deputados e lideranças estaduais ou federais não querem ter suas próprias imagens comprometidas por alinhamento com um político local cuja postura seja vista como conflituosa ou de pouca transparência.

Esse tipo de situação leva ao que se denomina de “políticos poças d’água”. Eles pedem verbas, recebem sorrisos protocolares, porém dificilmente angariam apoio substancial ou duradouro. E quem perde com isso? Obviamente, a população. São menos recursos, menos projetos e menos ações concretas que poderiam beneficiar diretamente os cidadãos.

É fundamental que os gestores públicos entendam a profundidade e o real impacto de suas atitudes, discursos e políticas – dentro e fora das redes sociais. Curtidas podem indicar popularidade instantânea, mas não refletem toda a opinião pública, muito menos a credibilidade política de longo prazo. Uma administração marcada por extremismos, perseguições ou constantes polêmicas corre o risco de ficar isolada, resultando em menos parcerias, emendas e benefícios para a comunidade.

Portanto, antes de se deslumbrar ou se frustrar com os “dedinhos azuis” no Facebook, vale a pena lembrar que o que realmente importa é a coerência administrativa, a transparência de ações e o bom relacionamento político, bases sólidas para um desenvolvimento duradouro que a sociedade tanto anseia.

 

 

 

 


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