Parece que o ex-vereador Bismark Jun Iti Kuwakino sofre de um apego emocional profundo. Mas não a uma pessoa, a um bicho de estimação ou a uma lembrança de infância. Seu maior apego, ao que tudo indica, é a uma cadeira – mais precisamente, a de presidente da Câmara Municipal de Jales.
Mesmo após ter sido devidamente retirado do cargo por decisão judicial (com base na famigerada proibição de reeleição para o mesmo cargo da Mesa Diretora, prevista na Lei Orgânica Municipal), Bismark insiste, recorre, apela, agrava... e coleciona derrotas em série nos tribunais, como quem coleciona figurinhas repetidas da Copa.
A mais recente veio direto do Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Luiz Fux, com sua costumeira elegância jurídica, basicamente disse: “meu querido, reeleição ilegal não passa nem perto da Constituição e você já perdeu essa parada faz tempo.”
No processo de nº ARE 1.506.511, o STF reiterou que o município tem sim o direito de proibir a reeleição para o mesmo cargo na Mesa Diretora e que, pasmem, as leis locais devem ser respeitadas. Que ousadia, não é mesmo?
Mas o que mais impressiona não é a insistência judicial. É o descolamento da realidade política. Afinal, o mandato acabou. A cadeira giratória foi ocupada por outro. E Bismark? Nem reeleito como vereador foi. O povo, cansado dessa novela jurídica, parece ter mudado de canal.
Ainda assim, ele segue tentando voltar ao posto que o tempo (e a Justiça) já tiraram. Só falta agora tentar reconquistar por habeas-cadeira.
A dúvida que fica é: será que já não passou da hora de virar a página? Ou será que a ficha caiu, mas resolveu recorrer?