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Quando o Escândalo Veste Capa e Martelo



Ah, a justiça brasileira... aquele espaço sagrado onde se espera que os donos da capa preta e do martelo tragam ordem ao caos e defendam a verdade. Mas, e quando alguns dos protagonistas dessa novela resolvem interpretar o papel de vilão? Bom, aí temos um enredo que deixaria qualquer roteirista de série de crime com inveja. E foi exatamente isso que aconteceu no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta manhã de quinta-feira, 24 de outubro.

Se você achava que só na ficção desembargadores eram capazes de fazer parte de esquemas de corrupção, é hora de rever seus conceitos. Sérgio Fernandes Martins, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Marcos José de Brito Rodrigues foram afastados, acusados de estarem metidos até o pescoço em crimes como lavagem de dinheiro, extorsão e, claro, o clássico da corrupção brasileira: a venda de sentenças. Pense nisso como uma espécie de "Liquidação de Sentenças – Tudo Deve Ir!" onde os mais espertos ganham, e quem perde somos todos nós.

Uma Operação com Nome Fino e Crimes Pesados

A Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal (quando essas duas se juntam, já sabemos que vai dar ruim), conduziu a operação "Ultima Ratio". O nome, bem elegante, faz referência àquele momento em que a Justiça é o último recurso para impedir que as coisas saiam do controle. Tipo a última chamada antes de apagar as luzes e fechar a balada – só que, nesse caso, a festa era do crime organizado.

Durante três anos, a PF investigou o grupo de desembargadores e descobriu uma verdadeira teia de corrupção. Eles não estavam sozinhos nessa; ao que tudo indica, advogados, empresários e outros servidores públicos também faziam parte do baile. Foram 44 mandados de busca e apreensão emitidos contra essa turma. É mandado que não acaba mais! Dá até para imaginar a Receita Federal e a Polícia Federal saindo com aquelas pastas cheias de documentos como se estivessem carregando o troféu do prêmio "Maior Vergonha Jurídica do Ano".

O Quinto Constitucional: Os Forasteiros na Toga

Outro detalhe interessante dessa trama é que, entre os desembargadores afastados, dois foram indicados pelo Quinto Constitucional. Para quem não conhece, o Quinto Constitucional é uma forma chique de preencher vagas de desembargador com advogados ou membros do Ministério Público, e não com juízes de carreira. Ou seja, são aqueles "forasteiros" que, teoricamente, chegam ao tribunal com um olhar fresco, sem os vícios de quem já vive há muito tempo no sistema. Mas, pelo visto, esses dois aqui decidiram que a frescura não era o caminho, e abraçaram o lado sombrio da força.

E Agora, Quem Julga os Juízes?

Afastados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), os cinco desembargadores vão ter que se explicar, não mais como donos do martelo, mas sim como réus de um processo que promete ser longo e turbulento. O que nos resta, como cidadãos, é assistir ao desenrolar dessa novela e esperar que, no final, a justiça seja feita – de verdade, dessa vez.

Porque, convenhamos, se nem quem veste a toga escapa da tentação de dobrar as regras, quem somos nós, meros mortais, para acreditar cegamente na imparcialidade do sistema? Fica a lição: às vezes, o vilão da história está onde menos esperamos. E, quem sabe, se o enredo continuar assim, talvez até apareça uma série no streaming inspirada nesses acontecimentos. Afinal, corrupção no Brasil nunca sai de moda, não é mesmo?


 Se, um dia, você achou que sentenças eram inegociáveis e que a Justiça estava acima de qualquer suspeita, esse caso veio para te lembrar que até quem tem o poder de julgar pode, de vez em quando, ceder à tentação. E nós? Seguimos esperando, com aquele sorriso irônico no rosto, pela próxima temporada desse drama jurídico.


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