Direito

O que mata mais mulheres, a agressão dos covardes ou a morosidade da Justiça?



Eis um tema que vem sendo debatido a cada dia com um crescimento espantoso, a agressão e morte de mulheres por seus conviventes.

Campanhas costumam incentivar a mulher a fazer a denúncia, registrar Boletim de Ocorrência e valer-se de uma Medida Protetiva, que uma vez descumprida, precisa de um Processo longo e de um conjunto probatório que na maioria dos casos leva à morte da vítima.

Outro assunto recorrente, é o desaparelhamento do sistema Judiciário, a deficiência de Juízes que acumulam várias Varas em um mesmo local, é o caso por exemplo da Cidade de Urânia, a quase um mês, ocorreu na Vara única de Urânia uma audiência de Instrução e Julgamento de um conhecido e contumaz, agressor de mulher, que foi levado a presença da Magistrada, pois segundo os laudos e testemunhos não deixavam dúvidas das agressões vividas pela ex-namorada.

Após quase três horas de audiência, a vítima espera encontrar na Justiça o conforto necessário de ver amenizado seu sofrimento por dias de agressão sofrida pelos atos covardes de um sujeito que já foi condenado pelo mesmo crime, mas a quase um mês, ela liga para seu Advogado que não consegue lhe dar se quer a resposta que tanto espera da Justiça de Urânia.

Entende-se como dito o acúmulo de processos para uma única Magistrada, mas há de ser levar em conta que a punição exemplar e imediata ainda que aja recursos para um sujeito acostumado a bater em mulher, possa de alguma forma inibir outros que trilham o mesmo caminho, quando uma mulher é agredida, a sociedade toda sente na pele, e procura na Justiça a sensação de segurança muitas vezes "falsa", pois em grande maioria quando o castigo chega a morte veio primeiro, ainda mais quando o agressor é viciado em álcool ou drogas !

Uma pesquisa recente, traça o perfil dos agressores.

Um ponto que se repete nas pesquisas é a associação entre a violência contra a mulher e o consumo de álcool e drogas. Pesquisas feitas no Piauí, Rio de Janeiro, São PauloPernambuco e Paraná indicam que homens que bebem têm mais probabilidade de agredir mulheres com quem convivem.

No caso da revisão feita pelos pesquisadores da UFSC, 69,6% dos casos de agressão abordados apontaram casos seguidos por ingestão de bebidas alcoólicas.

Já o estudo coordenado por Alexandra Bittencourt Madureira, professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), no Paraná, que avaliou o perfil de homens autores de violência na cidade de Guarapuava, aponta que o consumo de álcool foi encontrado em 60% dos casos e, associado a outras drogas como maconha, cocaína e crack, em 7,7%. O uso de drogas isoladas foi observado em 3,1%.

"Existe essa questão de o efeito do álcool e de drogas ser usado como justificativa para a agressividade.

Mas não é a bebida que faz agredir.

O homem já tem essa característica da agressão e o álcool acaba sendo apenas um estopim para acontecer, não o único motivo", diz Madureira.

Silva aponta outra situação comum em casos de violência com o uso da bebida. “Não é pelo fato de o homem estar bêbado, mas sim sobre quando a mulher palpita sobre o homem usar a bebida. Tenho encontrado muito isso nas pesquisas que tenho feito.”

O que diz a neurociência

Além dos estudos no âmbito das ciências sociais, a neurociência também tem se ocupado de avaliar os autores de violência contra a mulher.

A pesquisadora Natalia Bueso Izquierdo, do Centro de Investigação Mente, Cérebro e Comportamento da Faculdade de Psicologia da Universidade de Granada, na Espanha, é uma das autoras de um estudo que comparou o funcionamento do cérebro de agressores com o cérebro de outros criminosos por meio de ressonância magnética funcional.

A conclusão do estudo, publicado em abril deste ano, foi que os cérebros dos homens que agridem mulheres funcionam de forma diferente em comparação aos de outros criminosos.

"O estudo nos permitiu entender quais são as áreas do cérebro envolvidas nos homens que agrediram suas parceiras ou ex-parceiras, o que nos ajuda a entender melhor este tipo de sujeito e, portanto, no futuro, implementar alguma melhora nas terapias que eles recebem atualmente", afirma Izquierdo, em entrevista por e-mail.

Ela observa que, apesar de não haver um perfil único que caracterize o agressor, algumas das características mais descritas na literatura sobre esses homens são a inflexibilidade cognitiva, a presença de pensamentos distorcidos, a impulsividade e o fato de não assumir os próprios atos.

Para a pesquisadora, é difícil determinar que peso têm os fatores biológicos em comparação aos fatores sociais que levam o homem a cometer atos de violência contra a mulher. "Na verdade, para nós e a partir de nossa perspectiva, consideramos todos os fatores como um todo, já que cada ser humano é o resultado de toda essa combinação de fatores sociais, culturais e biológicos."

Resumo: enquanto os "doentes ou viciados" estão soltos e contam com a morosidade da Justiça, as mulheres continuarão a morrer !

 


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