Nas eleições municipais, o foco da atenção muitas vezes se volta para os candidatos a prefeito, mas o cenário das disputas para vereador é igualmente estratégico e pode impactar significativamente os resultados eleitorais. Um fenômeno curioso, e por vezes pouco compreendido, é como um candidato menos votado pode, indiretamente, ajudar a eleger um colega de chapa com mais votos. Isso se dá principalmente através do sistema proporcional adotado nas eleições legislativas do Brasil.
O Sistema Proporcional
Diferente do sistema majoritário usado para eleições de prefeitos e presidentes, o sistema proporcional visa distribuir as vagas de vereador conforme a votação geral recebida pelos partidos ou coligações, e não necessariamente pela votação individual dos candidatos. Isso significa que o total de votos de todos os candidatos de um partido ou coligação é somado para determinar o número de cadeiras que essa agremiação terá na câmara municipal.
Quociente Eleitoral: Como Funciona?
O ponto-chave do sistema proporcional é o quociente eleitoral, que é calculado dividindo o total de votos válidos pelo número de cadeiras disponíveis no legislativo municipal. Por exemplo, se uma cidade possui 100 mil votos válidos e 10 cadeiras, o quociente eleitoral seria de 10 mil votos. Isso significa que cada partido ou coligação precisa de 10 mil votos para eleger um vereador.
Aqui é onde entra o papel de todos os candidatos. Mesmo aqueles com chances menores de obterem uma votação expressiva podem contribuir para o aumento do total de votos da coligação, ajudando a alcançar o quociente eleitoral necessário. Ou seja, os votos de candidatos menos votados são somados aos de candidatos mais populares, elevando a quantidade de cadeiras conquistadas.
Como um Candidato Menos Votado Pode Ajudar?
Imagine que um partido tenha diversos candidatos a vereador. Alguns desses candidatos podem ter base eleitoral reduzida, mas cada voto recebido por eles é importante. Se um candidato popular dentro do partido já tem uma grande chance de ser eleito, um candidato com menos votos pode fornecer os votos extras necessários para que o partido conquiste mais uma cadeira. Em casos extremos, isso pode resultar na eleição de um candidato mais bem votado, ainda que o próprio candidato menos votado não seja eleito.
Além disso, em muitos casos, os candidatos menos votados funcionam como "cabos eleitorais" para aqueles mais fortes. Eles fazem parte de uma estratégia de base ampla, ajudando a difundir o nome e a plataforma do partido ou coligação, promovendo, assim, um efeito cascata que aumenta a votação de toda a chapa.
Efeito das Sobras
Outro ponto importante é o cálculo das "sobras eleitorais". Depois de distribuídas as cadeiras pelo quociente eleitoral, os votos que não foram suficientes para completar um novo quociente podem ser considerados para a distribuição de cadeiras remanescentes. Aqui novamente, os candidatos menos votados têm um papel relevante, pois seus votos podem contribuir para aumentar a chance de o partido conquistar mais uma cadeira nas sobras.
Conclusão
A importância de cada candidato, mesmo que não seja um dos favoritos, não pode ser subestimada nas eleições proporcionais. Ao contribuir para o aumento do total de votos da coligação ou partido, ele ajuda a elevar as chances de eleição dos candidatos mais votados e, em alguns casos, pode até surpreender e conquistar uma cadeira.
Portanto, ao escolher um candidato a vereador, o eleitor deve considerar não só o desempenho individual daquele que pretende votar, mas também a força do partido ou coligação a que ele pertence, uma vez que isso pode influenciar diretamente na composição da câmara municipal.
Em Jales, para as eleições de 2024, o número total de eleitores registrados é de aproximadamente 37.000 pessoas. Contudo, o número exato de votos válidos dependerá do resultado final da eleição, levando em consideração os votos nominais, os de legenda, e excluindo os brancos e nulos.