Em uma cidade onde o cotidiano se entrelaça com as mais inusitadas histórias, a saga de um candidato talvez seja o menor dos espetáculos quando comparada ao fervoroso embate entre um gago e um vendedor de calcinhas verde-amarelas. Neste peculiar cenário, a disputa não se dá por votos ou ideais políticos, mas por algo muito mais caloroso e colorido.
O gago, conhecido por suas tentativas entrecortadas de expressar sua visão democrática, tinha se tornado uma figura carismática entre os Revolucionários, não por seus discursos eloquentes, mas pelas parábolas e textos emprestados que de alguma forma, sempre encontravam um caminho para tocar o coração dos ouvintes. Seu método, embora pouco convencional, era uma tentativa genuína de contribuir para o diálogo do grupo.
Por outro lado, o vendedor de calcinhas, um estrategista de marketing de si mesmo, via nas cores vibrantes de suas mercadorias uma declaração de lealdade inquestionável. Quando percebeu que o gago, apesar de suas pausas e repetições, começava a ganhar terreno e afeto, sentiu-se ameaçado. Afinal, como poderiam as calcinhas verde-amarelas competir com as intrigantes e envolventes parábolas?
Foi então que, em um ato de desespero e talvez um pouco de ciúme, o vendedor deu a Baltazar, o moderador do grupo dos Revolucionários, uma ordem incisiva: "Retirem o gago do grupo, por infidelidade às calcinhas!" A acusação, tão absurda quanto divertida, espalhou-se pela cidade como fogo em palha seca.
Mas o gago, longe de se deixar intimidar, encontrou em si uma força que nem ele sabia possuir. Com o coração ardendo mais que as vendas do verão do vendedor de calcinhas, ele travou sua língua apenas o suficiente para proclamar uma decisão irrevogável: "Diga ao povo que fico!".
E assim, entre gaguejos e risadas, a cidade assistiu a uma das mais memoráveis disputas de sua história. Não uma luta pelo poder ou pela supremacia, mas uma batalha épica de identidades e expressões, onde o verdadeiro vencedor foi o espírito indomável daquela comunidade que, mesmo diante das adversidades, encontrava motivo para se unir e celebrar cada peculiaridade de seus cidadãos.
E quanto ao candidato? Bem, ele talvez tenha aprendido que, em terras onde gago e vendedor de calcinhas disputam a atenção do povo, a verdadeira campanha se faz no coração e na singularidade de cada voz, seja ela clara ou entrecortada por hesitações.