O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou em evento nesta terça-feira (16) que serão realizadas novas operações contra o crime organizado no estado de São Paulo. A declaração foi feita enquanto comentava uma operação que prendeu 13 pessoas investigadas por supostamente fraudar licitações de câmaras municipais e prefeituras em diversas regiões do estado. As empresas envolvidas têm ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo.
"É mais uma operação, acontecerão outras. Outras estão sendo gestadas e esse combate ao crime organizado não vai cessar, doa a quem doer, esteja onde estiver", afirma Tarcísio.
"Essas operações do Ministério Público, é importante esclarecer, sempre são em conjunto com as nossas polícias. Sempre tem investigações que são feitas pelo centro de inteligência da Polícia Militar. Então elas carregam uma carga de inteligência, de investigação e de interação muito grande", acrescenta.
A operação foi realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Guarulhos. Entre os 13 presos, estão três vereadores. No total, são 15 mandados de prisões temporárias. Foram presos os vereadores Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; Luiz Carlos Alves Dias, o Luizão Arquiteto (MDB), de Santa Isabel; e Ricardo de Oliveira, o Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão. Além deles, agentes públicos, empresários e um advogado foram presos. Dois seguem foragidos.
A assessoria de Luizão Arquiteto disse que não vai se pronunciar. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos outros suspeitos até a publicação deste texto.
A Câmara Municipal de Cubatão informou que está colaborando com as equipes de investigação, fornecendo todos os documentos solicitados. O Legislativo de Santa Isabel afirmou que colabora com as investigações, mas que ainda não foi notificado sobre a prisão. A Câmara de Ferraz de Vasconcelos não respondeu.
Um dos presos é o advogado Áureo Tupinambá de Oliveira Fausto Filho, que é um dos defensores do traficante internacional André de Oliveira Macedo, o André do Rap.
"Acho que mostra uma face do crime, um crime está ficando cada vez mais ousado, que está se infiltrando no poder político, que está lavando dinheiro cada vez mais em atividades lícitas e está ficando cada vez mais poderoso. É um grande risco para o Brasil, é um risco para o nosso estado. Isso aí subtrai divisa, acaba com as atividades produtivas, traz a competição desleal e mantém essa massa criminosa operando", declarou governador.
A denúncia aponta que o grupo tem contratos vigentes que somam mais de R$ 200 milhões.
As empresas forjavam competição e fraude em licitações de prefeituras e câmaras, para conseguir contratos de "facilities", em especial, limpeza e postos de fiscalização nesses locais.
Os contratos sob investigação foram firmados nas cidades de Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri, Itatiba. Há suspeitas em outros municípios também.
Promotoria faz 2ª operação contra o PCC em uma semana
Na terça-feira (9), duas empresas de ônibus que atuam no transporte público de São Paulo foram alvo de uma operação do Ministério Público que apura suspeitas de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
A ação cumpriu 3 de 4 mandados de prisão e visava realizar outros 52 de busca e apreensão contra dirigentes das companhias Transwolff e Upbus, responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente na capital paulista e que receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da Prefeitura de São Paulo em 2023, segundo a Promotoria.
A Justiça determinou e a SPTrans, empresa municipal de transporte, assumiu a operação das linhas administradas pelas duas empresas.
O objetivo da operação, chamada Fim da Linha, é desarticular duas organizações suspeitas de lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas, roubos e outros crimes.
Foram presos Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, o sócio Joelson Santos da Silva e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da empresa. Elio Rodrigues dos Santos, secretário da empresa, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma durante as buscas.
O quarto alvo da operação continua foragido. Silvio Luiz Ferreira, conhecido como Cebola, é considerado uma liderança do PCC. Em 2022, ele foi apontado como dono de 56 ônibus da UPBus.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos presos.