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Motorista morto no aeroporto gravou vídeo na ambulância; VEJA



O motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, avisou a esposa que havia sido baleado enquanto esperava por passageiros no aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na tarde de sexta-feira (8).

Novais, que estava internado em um hospital da cidade, morreu na noite deste sábado (9), um dia depois de ser atingido por um tiro no mesmo ataque que matou o empresário Antônio Vinicius Gritzbach, 38.

Ele encaminhou um vídeo para a esposa enquanto estava dentro da ambulância avisando sobre o ferimento.

Familiares de Novais, incluindo a mulher, a funcionária pública Simone Dionízia Fernandes Novais, estiveram na manhã deste domingo (10) no IML de Guarulhos.

A mulher contou que depois do vídeo tentou falar com o marido, mas não conseguiu. Um amigo dele que o acompanhou na ambulância contou para ela o que tinha acontecido. Quando Simone chegou ao hospital, ele já estava inconsciente.

 

Simone contou para a Folha a rotina do marido, que saia para trabalhar todos os dias às 7h. Pai de três filhos homens de 20, 13 e 3 anos, ele retornava para casa apenas ao cair da noite, por volta das 22h. "Tinha que brigar com ele para voltar. Às vezes nem comer ele comia, ligava para saber se havia almoçado" disse Simone.

Ele respondia que tinha contas a pagar, por isso o excesso de trabalho. Novais era motorista havia 10 anos.

O filho mais novo do casal foi adotado quando tinha seis meses, e era muito apegado ao pai, disse a mulher. "Amor de alma".

Ela lembrou a felicidade diária do marido, principalmente ao cozinhar, algo que era aguardado pela família. "Ele adorava cozinhar, a gente fazia festa".

O local onde Novais foi atingido era o preferido dele. Estar no portão 2 era estratégico, segundo ele, por estar mais próximo aos passageiros.

A irmã de Novais, Juliana Araújo Sampaio de Novais, 43, disse que assistia à TV quando soube de uma pessoa baleada em Guarulhos. Ela se preocupou por saber que o motorista ficava naquela região.

Ela e a mãe enfrentaram mais de 20 horas de viagem de ônibus. Chorando, ela disse que os familiares não tiveram nenhum amparo do poder público.

A mesma tristeza, classificada como revolta, tomava a esposa. "Não recebi nenhum telefonema". Ela afirmou que enquanto davam destaque para a morte de Antônio Vinicius Gritzbach, 38, se esqueciam de um trabalhador internado.

Veja vídeo:


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