Direito

Ministério da Justiça censura filme de Danilo Gentili e Porchat



O Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, determinou cautelarmente que as plataformas que possuem o filme "Como se tornar o pior aluno da escola" suspendam sua exibição imediatamente.

O filme de 2017 foi produzido por Danilo Gentili e tem atuação de Fábio Porchat, e foi duramente criticado por cena associada a pedofilia. Disponível na Netflix, a classificação indicativa é de 14 anos.

A determinação do governo é direcionada à Netflix, Globo, Google, Apple e Amazon, e exige a suspensão da disponibilização do filme "tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista".

O despacho foi publicado nesta terça-feira, 15, no DOU. O não cumprimento está sujeito a multa diária de R$ 50 mil.

  • Leia a íntegra do despacho.
  • A cena

    Em "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", Fabio Porchat interpreta Cristiano, um homem com desvios sexuais e dono do caderno que o ex-colega (papel de Danilo Gentili) roubou na escola para escrever o guia de "pior aluno", encontrado pelos protagonistas, os adolescentes Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz).

    "A gente esquece o que aconteceu e, em troca, vocês batem uma punheta pro tio", diz o personagem na cena, interpretado por Fábio Porchat. 

    O assunto ficou entre os mais comentados no Twitter no último domingo, 13. Em seguida, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que tomaria providências.

    Vilão

    Fábio Porchat reagiu aos protestos e as acusações de incitar a pedofilia. Ele citou papeis conhecidos em filmes e novelas como o de Marlon Brando, que interpretou um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas, Renata Sorah, que roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada, Regiane Alves, que maltratava idosos. "Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim."

    "Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas. [...]

    Quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade". 

    Em entrevista a'O Globo, Danilo Gentili também diz que o filme vilaniza a pedofilia. "Ela está no arquétipo de um vilão hipócrita que se esconde atrás de um discurso politicamente correto e falso moralista. Qualquer pessoa que assistiu ao filme sabe disso." Segundo o humorista, "todos os que assistiram ao filme inteiro não enxergam a mesma coisa de quem assistiu apenas essa cena".

    Gentili destacou que a classificação etária do filme foi definida justamente pela pasta da Justiça.

    "O filme passou por todos os processos classificatórios oficiais e pegou censura de 14 anos. Creio que o filme tem essa classificação porque as pessoas do órgão competente assistiram ao filme inteiro, e não apenas a uma cena oportunamente editada e compartilhada com o objetivo de tirar proveito político."

    Embate político

    As acusações contra o filme de 2017 teriam vindo à tona a partir de perfis que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. A questão gerou embate político entre direita e esquerda.

    Perfis de esquerda falam em "hipocrisia" por parte dos apoiadores do presidente, porque aplaudiam Gentili quando o humorista apoiava Jair Bolsonaro, então candidato. 

    Criticam, também, a "injustificada" demora de cinco anos para se manifestarem sobre a cena.


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