A nova política de privacidade do WhatsApp virou tema para mensagens falsas dentro do próprio serviço. Uma corrente (hoax) que tem circulado nos últimos dias orienta o usuário a compartilhar um texto com os dizeres “EU NÃO AUTORIZO” para expressar a sua discordância sobre as novas regras. Obviamente, essa ação não tem nenhum efeito protetor.
Iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Correntes semelhantes envolvendo dados do usuário já circularam no Facebook e Instagram, por exemplo. Em todos os casos, a orientação é quase sempre a mesma: compartilhe um texto expressando discordância sobre o uso de determinados dados e, assim, o Facebook respeitará a sua decisão.
É claro que não é assim que funciona. Todas as configurações de privacidade e segurança devem ser realizadas por meio de menus próprios para isso ou, ainda, a partir de notificações com pedidos de autorização que são exibidas pelo serviço em determinado momento.
Foi o que aconteceu com o WhatsApp. No começo de 2021, o mensageiro atualizou a sua política de privacidade e exibiu avisos para que os usuários concordassem ou não com as novas regras.
Mas a corrente em circulação diz que as novas regras do WhatsApp entrarão em vigor “amanhã” (note que nenhuma data é especificada) e dá uma orientação que é típica de mensagens de hoax: que o usuário compartilhe o mesmo texto.
Outras características que deixam claro que a mensagem não passa de enganação incluem o tom alarmista, que tenta despertar um senso de urgência no usuário, e erros de ortografia.
Usuários que conhecem bem a dinâmica das redes sociais e dos serviços de mensagens instantâneas identificam facilmente a ilegitimidade desse tipo de texto. O hoax tende a ser compartilhado por usuários menos familiarizados com a tecnologia.
Alguns até desconfiam de que aquele conteúdo não tem efeito, mas, movidos pelo tom alarmista, decidem compartilhar a mensagem “só para garantir” ou por entender que não há riscos nesse procedimento.
Mensagem falsa sobre o WhatsApp não é inofensiva
Mensagens falsas têm finalidades variadas. Elas podem ser usadas para capturar dados do usuário e até promover golpes, por exemplo, daí a importância de o usuário ficar atento.
De acordo com Camilo Gutiérrez Amaya, chefe do Laboratório de Pesquisa da ESET na América Latina, o hoax sobre o WhatsApp serve para “gerar incerteza entre os destinatários, principalmente quando não existem todas as informações sobre o que implicam as mudanças nas políticas de uso do aplicativo”.
O executivo complementa: "Compartilhar ou encaminhar esse tipo de mensagem é uma ação praticamente inútil e obviamente não impedirá a aplicação das políticas do WhatsApp assim que elas entrarem em vigor. Ao contrário do que você possa pensar, as mensagens em cadeia perdem tempo e espalham conselhos falsos ou mesmo perigosos para usuários desavisados", disse Amaya.
WhatsApp se posiciona
O WhatsApp também se posicionou sobre o assunto. Em nota enviada, o serviço declarou: Essa mensagem é completamente falsa. As conversas pessoais no WhatsApp são protegidas com criptografia de ponta a ponta, o que significa que essas conversas são privadas, e que o WhatsApp não pode ler, ouvir ou ver os conteúdos compartilhados. O WhatsApp foi desenvolvido com base em uma ideia simples: tudo o que os usuários compartilham com seus amigos e familiares fica só entre eles. Por essa razão, o aplicativo não mantém o registro das pessoas para as quais o usuário ligou ou enviou mensagens de textos, de áudio ou imagens."
A plataforma tem ainda uma página que resume os principais aspectos de sua política de privacidade.