Saúde

Investigação descarta relação entre vacina e parada cardíaca em criança



Investigação conduzida pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo concluiu que a parada cardíaca em uma criança de 10 anos, moradora de Lençóis Paulista, não teve relação com a dose pediátrica da vacina da Pfizer contra a Covid-19, aplicada aproximadamente 12 horas antes do episódio.

Diante dessa informação, o município de Lençóis Paulista afirmou que a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, que havia sido suspensa, será feita por agendamento na Central Saúde pelo telefone 0800 2691 120, até segunda-feira, 24. "Na terça-feira, 25 de janeiro, a imunização será retomada por livre demanda no ESF da Maria Cristina, de segunda a sexta-feira, das 8h às 15h", completou.

Condição congênita

O documento do CVE, encaminhado a secretários de Saúde de municípios de São Paulo, afirma que a criança tem uma "pré-excitação no eletrocardiograma, característica da síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW)." Trata-se de uma condição congênita — isto é, presente desde o nascimento —, que leva o coração a ter crises de taquicardia. "Algumas destas crises podem ter frequência muito alta, levando até a síncope ou mesmo morte súbita. A WPW é mais comum causa de morte subida por arritmia ventricular", diz o texto.

A nota é assinada pela diretora técnica do CVE, Tatiana Lang D’Agostini, e pela coordenadora em saúde Regiane Cardoso de Paulo. A investigação ficou a cargo do médico Eder Gatti Fernandes. Segundo o documento, a WPW não havia sido, até então, diagnosticada e era desconhecida pela família. O médico aponta que foi essa condição que levou a criança a ter uma "crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica".

"Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação está descartado", atesta o documento.

Em nota, o CVE afirma que a análise contou com a participação de pelo menos 10 especialistas. "A Secretaria de Estado da Saúde reforça a importância da vacinação e reafirma que todas os imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária são seguros e eficazes", finaliza.

Virologista fala em 'irresponsabilidade'

O virologista da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), Maurício Lacerda Nogueira, considerou "irresponsabilidade" atribuir à vacina da Pfizer o caso de parada cardíaca. "Não existe a menor evidência de alguma associação causativa entre os fatos", disse o especialista. "Milhões de vacinas iguais a essas foram administradas no mundo sem nenhum episódio semelhante a esse", acrescentou o médico.


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