O câncer é uma doença complexa e desafiadora, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, avanços têm sido alcançados por meio de pesquisas incansáveis que buscam tratamentos mais eficazes e menos agressivos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Entre essas inovações, destaca-se o desenvolvimento de vacinas contra o câncer, uma área que tem ganhado grande relevância nos últimos anos. Essas vacinas abrem novas possibilidades na prevenção e tratamento de diversos tipos de câncer, oferecendo esperança para um futuro com terapias mais direcionadas e personalizadas.
A prevenção de câncer com vacinas
Quando se fala em prevenção ao câncer, trata-se de uma abordagem que, apesar de ainda indireta, é extremamente importante. As vacinas contra os vírus HPV e Hepatite B, por exemplo, são fundamentais, pois essas condições virais podem levar ao desenvolvimento de tumores.
Com isso, a vacinação contra esses vírus estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos que os combatem, impedindo a infecção e, consequentemente, a elevação do risco de câncer.
Atualmente, seguindo o Programa Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde, a vacina contra Hepatite B é recomendada para recém-nascidos, crianças e adultos não vacinados. Por outro lado, a indicação da vacina contra HPV é para meninas e meninos entre 9 e 14 anos.
Novidades na busca por vacinas contra câncer
Atualmente, um dos principais focos do desenvolvimento de vacinas está no câncer cerebral. Este tipo de tratamento apresentou resultados considerados positivos pela comunidade oncológica de pesquisadores.
Um estudo divulgado no início de maio deste ano, na revista Cell, intitulado "Agregados de RNA aproveitam a resposta ao perigo para uma imunoterapia potente contra o câncer", com uma nova vacina desenvolvida pela Universidade da Flórida demonstrou uma resposta positiva na potencialização do sistema imunológico no ataque ao glioblastoma, que atualmente é considerado o tipo mais agressivo de tumor cerebral.
"As vacinas de mRNA diferem das vacinas convencionais em vários aspectos, tanto na forma como são produzidas quanto no modo de ação. Elas introduzem uma sequência de mRNA no corpo, que faz as células produzirem uma proteína específica (antígeno) do patógeno ou tumor. Isso ativa o sistema imunológico para reconhecer e combater o invasor, que no caso é o câncer", diz a Dra. Claudia Sette, oncologista e pesquisadora do CEON+ e CEPHO.
Além dos tumores cerebrais, outro tipo de câncer que vem recebendo atenção de estudos vacinais é o Melanoma, tipo de câncer de pele mais perigoso, por possuir alta possibilidade de provocar metástase. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) este é um tipo de câncer que afeta mais de 8.000 brasileiros anualmente. Sobre isso, a Dra. Claudia Sette afirma:
"As vacinas de mRNA contra o câncer têm o potencial de prevenir metástases ao estimular o sistema imunológico a reconhecer e destruir não apenas o tumor primário, mas também as células cancerígenas que possam se espalhar pelo corpo e gerar a metástase".
Portanto, é fundamental que a população do país possa acessar com brevidade esta oportunidade que pode mudar a qualidade de vida e o bem-estar de pacientes com alta possibilidade de desenvolvimento deste tipo de câncer.
A pergunta que fica neste momento é: como essas vacinas podem chegar à população brasileira neste momento. A Pesquisa Clínica é um passo fundamental e, atualmente, a única possibilidade de acesso da população a este tipo de tratamento. Como resposta a Dra. Claudia diz:
"As vacinas contra o câncer podem chegar à população brasileira por meio de pesquisas clínicas, já que ainda estão em fase de desenvolvimento e não estão disponíveis para comercialização. A pesquisa envolve processos rigorosos e regulados que testam a eficácia e segurança de novos tratamentos. O Brasil conta com vários centros sérios para o desenvolvimento de novos tratamentos, incluindo as vacinas. As pesquisas podem ser locais ou através de parcerias internacionais, associado a um rigoroso processo de aprovação pelas autoridades de saúde, com a participação direta dos pacientes".
O que é o CEPHO
O Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e Oncologia (CEPHO), atua na condução de estudos clínicos. O CEPHO é resultado da idealização do Dr. Auro del Giglio, Professor Titular da Disciplina na Faculdade de Medicina do ABC, hoje Centro Universitário Saúde ABC.
O CEPHO, mais do que um centro de pesquisas, é uma escola de pesquisa. Além da condução de estudos internacionais patrocinados, nele são desenvolvidas pesquisas próprias ligadas aos programas de pós-graduação sensu stricto e sensu lato da Faculdade de Medicina do ABC.
Fundado em 1996, o CEPHO surgiu da necessidade de drogas inovadoras que pudessem ajudar no tratamento de pacientes oncológicos, e do interesse da indústria farmacêutica por centros de pesquisa capacitados para conduzir os testes dos novos medicamentos.
O CEPHO tem a missão de pesquisar novos tratamentos para o câncer para melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos por esta doença.