A semana começou em Jales com uma daquelas “informações” que aparecem mais em comentários patrocinados do que em fontes confiáveis. Segundo um certo blogueiro — conhecido no meio político como “blogueiro de bolso”, dada sua constante proximidade financeira e ideológica com gabinetes e políticos locais — estaria sendo costurada a formação do chamado “G3”, um suposto grupo de vereadores “independentes” que se colocaria como crítico da atual gestão do prefeito Luís Henrique Moreira.
A ideia de um novo G3 não seria absurda — se não fosse tão convenientemente reciclada. A ex-vereadora Carol Amador, em comentário nas redes sociais (veja imagem), relembrou sua própria experiência: “Na minha época, chegamos a formar o G5 e acabamos em G2”. Traduzindo do político para o popular: começou como resistência e terminou em rendição.
No atual cenário, o trio mencionado informalmente como “G3” inclui os vereadores Especiato, Bigoto e Franciele Villa. Cada um com seus próprios contextos, ambições e... vínculos.
Especiato é nome conhecido e já vem de longa data na política local. Seguindo os passos do também oposicionista Hilton Marques, adota uma postura crítica, porém, cuidadosa — mais por estratégia do que por convicção. Sempre pesa as palavras e atua com a cautela de quem conhece as engrenagens do poder.
Bigoto, por outro lado, ainda é uma incógnita. Eleito com apoio direto do grupo do prefeito Luís Henrique Moreira, é cria política da deputada Analice Fernandes. E quando o assunto é Analice, é bom lembrar: suas articulações são tão afiadas quanto ambíguas. Como já se diz nos bastidores: é preciso ter cuidado ao apertar a mão de Analice — nunca se sabe se ela está segurando uma vela ou uma faca.
Já Franciele Villa, embora eleita também sob a sombra da base governista, enfrenta um processo na Justiça Eleitoral que pode comprometer seu mandato. Mesmo que uma eventual condenação em primeira instância não resulte em afastamento imediato, o processo mancha a narrativa de estabilidade que tanto se vende em época de reeleição.
O curioso é que, mesmo com toda essa fumaça, ninguém do suposto “G3” se deu ao trabalho de negar ou contestar publicamente a narrativa de oposição ao prefeito. Isso pode indicar duas coisas: ou há de fato um distanciamento em curso — ou tudo não passa de uma encenação ensaiada, onde críticas pontuais são permitidas para manter a aparência de independência, enquanto se aguarda a próxima barganha política.
E mais: a depender da condução desse novo “reposicionamento”, não está descartada a hipótese de estarmos diante de um cenário de infidelidade partidária, o que, se configurado, pode gerar desdobramentos jurídicos, inclusive com risco de perda de mandato por desvio de orientação da legenda pela qual foram eleitos.
Enquanto isso, nos bastidores, já há quem acredite que este “novo trio de independentes” pode ser o início de uma virada. Mas, considerando o histórico dos chamados G’s passados, talvez o mais prudente seja esperar para ver se esse grupo termina mesmo como “G3” — ou se desidrata até virar G1 e meio.