Jales, terra de grandes reviravoltas políticas e de memória seletiva, assiste, estarrecida (ou no mínimo intrigada), a mais um capítulo da saga Flá Prandi. Sim, ele mesmo! Aquele que, de alguma forma misteriosa, acredita que o povo jalesense está clamando pela sua volta, como se sua gestão anterior tivesse sido um conto de fadas e não um desfile de escândalos e polêmicas.
Mas, sejamos justos: se há algo admirável em Flá Prandi, é sua capacidade de reinvenção. Quem mais, faltando exatos 3 anos e 10 meses para o próximo pleito municipal, teria a coragem de testar a paciência da população com teorias conspiratórias de boteco?
Segundo ele, a cidade está vivendo um intrincado tabuleiro de xadrez, onde o atual prefeito estaria preparando meticulosamente seu sucessor. E quem é o gênio estrategista que descobriu esse plano maligno? Ora, ele mesmo, Flá Prandi, o Sherlock Holmes da política local!
Mas, há um detalhe incômodo nessa análise brilhante: quem foi que disse que o povo está interessado em um retorno triunfal do ex-prefeito? Porque, convenhamos, se Flá Prandi disputasse uma eleição contra ele mesmo, as urnas provavelmente ficariam vazias de tão sem opção que estariam.
Aliás, em vez de se preocupar com as supostas manobras do atual prefeito, talvez fosse mais produtivo que Flá comece a se preparar para um outro tipo de embate: a desconstrução inevitável de sua gestão passada.
Os escândalos não são poucos, e a imagem de Jales no cenário nacional, graças a alguns eventos questionáveis de seu governo, não foi exatamente digna de orgulho. Mas claro, na filosofia de boteco da política local, isso deve ser apenas um detalhe irrelevante.
O povo de Jales, que não nasceu ontem, já entendeu o jogo. Resta saber se Flá Prandi também entenderá que a nostalgia forçada e a ilusão de um retorno glorioso podem ser um tiro no pé. Ou melhor, um tombo daqueles, sem direito a aplausos.
