Em Jales, a temperatura política poderia ser confundida com a previsão do tempo no deserto do Saara: sempre elevada e com previsão de mais calor à vista. Em uma reviravolta digna de novela das oito, a cena eleitoral deste ano trouxe surpresas que nem o mais astuto dos analistas políticos poderia prever, ou talvez sim, já que estamos falando de política.
Quando Dalua, com todo o seu fervor de novidade, prometeu um vice distante das teias políticas, muitos devem ter pensado que veriam um unicórnio nas próximas festividades da cidade. No entanto, como em um truque de mágica que todos já conhecem o segredo, o "novo" na política jalesense parece ser tão reciclado quanto as promessas de campanha. A escolha de Clóvis Viola como vice na chapa de Dalua é a cereja do bolo dessa grande celebração da ironia política. Viola, cujo sobrenome ressoa pelos corredores do poder local como um eco de "business as usual", carrega o estandarte da experiência, ou, para os mais céticos, da velha guarda política de Jales.
A linhagem política dos Viola, traz memórias dos tempos áureos do "manda brasa", uma expressão que poderia muito bem adornar a entrada da cidade, dada sua recorrência no cenário político local. A união de Dalua e Viola, portanto, promete ser o crossover mais esperado desde que o cinema decidiu colocar super-heróis de universos distintos no mesmo filme.
E como em todo bom episódio político, não poderia faltar a participação especial do ex-prefeito Flá Prandi, que, em uma jogada de mestre digna de xadrez, decidiu apoiar a dupla após trocar farpas com o atual prefeito. A política de Jales, assim, se confirma como um território onde os inimigos de ontem podem ser os aliados de hoje, em uma dinâmica que faria qualquer roteirista de drama político corar de inveja.
Portanto, enquanto a população de Jales se prepara para mais um capítulo desta interminável novela, fica a certeza de que, na política da cidade, as surpresas são tão previsíveis quanto o nascer do sol.
E no fim, talvez o único vencedor seja o suspense, sempre presente, sempre aguardado, em uma corrida eleitoral que promete mais reviravoltas que uma maratona de montanha-russa.
