Polícia

DONO DO ÁGUA VIVA É PRESO POR HOMOFOBIA EM FERNANDÓPOLIS



Vítimas acionaram a PM e, juntamente com o acusado e testemunhas, foram conduzidos ao Plantão Policial; empresário passou a noite preso e está em liberdade provisória

Um empresário fernandopolense, que recentemente arrematou um clube termal em leilão realizado pela Justiça Estadual local, foi autuado em flagrante pelo crime de homofobia.

Por volta das 22h desta quinta-feira (3), um casal homossexual, estava no bar molhado da piscina do hotel, quando houve uma abordagem do acusado, descrita como preconceituosa, pois ele pediu para que “parassem de fazer o que estavam fazendo”.

As vítimas alertaram o proprietário do clube que havia demonstração de afeto, através de carícias, entre outros casais héteros no mesmo local.

O empresário então pediu para “dessem uma maneirada” porque estava recebendo reclamações de outros clientes do clube sobre a conduta do grupo. Alegou também que, naquele momento, várias famílias e crianças estavam no mesmo local, e que a “conduta do grupo não era adequada”.

O casal, que estava acompanhado por outros dois casais homossexuais e uma amiga, saíram da piscina e exigiram uma explicação. “O que significa maneirar um pouco?”, perguntaram.

AUTUAÇÃO

No Plantão Policial, o acusado foi autuado nos termos do Artigo 20 da Lei nº 7716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor e é conhecida como “Lei do Crime Racial”. O delegado, após ouvir todos os envolvidos, decretou a prisão em flagrante, “consoante à fundamentação fática e jurídica narrada no bojo da peça inaugural, pois, em tese, praticou discriminação contra um casal de homossexuais”. A ocorrência tramitará no 2º Distrito Policial de Fernandópolis.

VERSÃO DO EMPRESÁRIO

O autuado atendeu a reportagem do “Extra.net” na tarde desta sexta-feira (4). Ele confirmou que havia um pessoal de Jales, “eram três casais gays, seis homens, e também uma mulher”.

“Estavam lá no bar molhado, tinha famílias e crianças, e esse pessoal começou a bagunçar a casa, como me falaram, porque na hora que cheguei ao clube vieram me informar sobre várias reclamações. Eu fui até o pessoal e pedi para que ‘maneirassem um pouco’, disse que tinha crianças, que não era uma conduta adequada. Aí eles pediram para que eu explicasse o que significava ‘maneirar um pouco’, falaram ‘especifica isso’. Me disseram que eu estava sendo homofóbico”, disse.

O dono do clube reforçou durante o contato com a reportagem que “pediu educadamente para que maneirassem”

“Eu enfrentando a maior dificuldade para manter tudo e sou impedido de determinar as normas de conduta dentro do meu clube”, declarou.

A ocorrência foi registrada na noite de quinta, mas os envolvidos foram ouvidos até quase 1h da madrugada. Por se tratar de um crime inafiançável, o empresário passou a noite detido, sendo liberado por volta das 11h desta sexta.

Como, durante a pandemia, não está sendo realizada a audiência de custódia, o juiz determinou liberdade provisória ao empresário após manifestações do advogado que o defende e do Ministério Público.

“Vou tentar um acordo, pois não quis discriminar ninguém. Não quero opinar sobre a vida das outras pessoas, e esse público me interessa muito, mas entendo que deve ser dentro de um comportamento razoável. Agora que eu estou sabendo o que é homofobia. Segue a vida”, concluiu. Ele deverá seguir às condições impostas de não sair da Comarca sem autorização judicial e de comparecer aos atos do processo quando intimado.

O artigo 7, da mesma Lei nº 7716/8, considera crime de homofobia “impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar”. A pena é reclusão (regime fechado) de três a cinco anos.

Por João Leonel - Jornal O Extra Extra


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