Polícia

Dois foragidos de operação contra fraude no Fies e venda de vagas em universidade se entregam à PF



Os dois últimos foragidos da Operação Vagatomia, que investiga uma organização criminosa suspeita de vender vagas e cometer fraudes no Fies, Prouni e Revalida para estudantes de medicina ingressarem na Universidade Brasil, se entregaram nesta quinta-feira (12) à Polícia Federal de Presidente Prudente (SP).

De acordo com a Polícia Federal, um dos suspeitos que se entregou é líder de uma igreja evangélica na região de Presidente Prudente e o outro é de Muritinga do Sul (SP), irmão de um vereador do município.

Ambos já foram presos em abril deste ano na Operação Asclépio da Polícia Civil de Assis (SP), que investigou crimes relacionados ao curso de medicina da mesma universidade e foram soltos poucos dias antes da deflagração da Operação Vagatomia.

Ainda segundo a PF, das 11 pessoas presas que tiveram a prisão temporária prorrogada, uma vai continuar na cadeia porque a Justiça converteu a prisão para preventiva.

As outras 10 podem ser soltar a partir da madrugada desta sexta-feira (13), data em que o prazo termina. Portanto, doze suspeitos irão permanecer presos até o dia do julgamento.

Entre os presos pela Operação Vagatomia, estão o empresário e reitor da universidade, o engenheiro José Fernando Pinto Costa, de 63 anos, e o filho dele, Stephano Bruno.

Ambos são apontados pela polícia como chefes da organização. Segundo estimativa da PF, o grupo pode ter usado R$ 500 milhões do fundo de forma fraudulenta e as vagas eram compradas pelos estudantes por até R$ 120 mil.

Investigações da Polícia Federal apontam que os dois usavam o dinheiro desviado para comprar jatinhos, helicópteros, imóveis e até para fazer viagens internacionais, enquanto faltavam materiais básicos na Universidade Brasil como papel higiênico.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu a instauração de um inquérito policial para apurar a responsabilidade de servidores do Ministério da Educação (MEC) suspeitos de terem omitido informações para contribuir com as fraudes.

O que dizem os citados

A Universidade Brasil disse que está à disposição das autoridades para colaborar, identificar e indicar os responsáveis, com o objetivo de sanar todas as questões envolvidas neste caso.

A instituição ainda enfatiza que não há elementos que comprovem o conhecimento dos fatos pelo reitor, Fernando Pinto da Costa, e o filho dele e também dono da universidade, Stefano Costa até o momento.

O MEC afirmou que em casos de indícios de irregularidades, o FNDE irá instaurar processo administrativo para a responsabilização dos envolvidos.

Caso as irregularidades sejam comprovadas, serão aplicadas as penalidades previstas na Lei nº 10.260, de 2001, que vão desde a proibição de participação no programa até o ressarcimento dos valores cobrados indevidamente.

Operação
As investigações começaram no início do ano após a PF receber informações de que estariam ocorrendo irregularidades no campus de um curso de medicina em Fernandópolis.

De acordo com a PF, o esquema contava com “assessorias educacionais”, que vendiam vagas no curso de medicina, financiamentos Fies e Prouni, além de fraudes em cursos relacionados ao Exame Revalida.

De acordo com a PF, essas assessorias tinham o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade para negociar centenas de vagas para alunos, que aceitaram pagar pelas fraudes em troca de matrícula no curso de medicina.

Como resultado da investigação, a Operação Vagatomia foi deflagrada na manhã desta terça-feira (3).

Ao todo, 250 policiais federais foram às ruas para cumprir 77 mandados nas cidades de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Santos (SP), Presidente Prudente (SP), São Bernardo do Campo (SP), Porto Feliz (SP), Meridiano (SP), Murutinga do Sul (SP), São João das Duas Pontes (SP) e Água Boa (MT).

A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões.

A Polícia Federal informou que durante a operação alguns investigados tentaram fugir no momento das prisões e outros jogaram celulares de prédios, antes da entrada dos policiais. Os celulares foram recuperados e os foragidos foram localizados e presos. O material apreendido está sob investigação da Polícia Federal em Jales.


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