Polícia

Corregedoria da Polícia Civil vai apurar conduta de delegado que liberou motorista suspeito de matar adolescente atropelado



A corregedoria da Polícia Civil vai apurar a conduta do delegado de plantão que não deu voz de prisão em flagrante ao motorista suspeito de matar o adolescente Matheus Soares Abreu, de 17 anos, e ferir outras duas pessoas durante atropelamento, na madrugada do último domingo (1º), em Novo Horizonte (SP).

Câmeras de segurança registraram o acidente.

Nas imagens, é possível ver o momento em que o motorista do carro atingiu as vítimas pelas costas e fugiu sem prestar socorro. Matheus não resistiu aos graves ferimentos. As outras duas vítimas sofreram ferimentos leves.

De acordo com a Polícia Civil, o condutor do carro foi identificado e levado à delegacia horas depois do acidente. Ele prestou depoimento e foi liberado, mesmo estando com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada por excesso de multas e confessando que tinha ingerido bebidas alcoólicas.

O delegado que estava de plantão disse que o motorista foi apresentado seis horas depois do atropelamento, e que por vários motivos legais não poderia fazer a prisão em flagrante. Ele afirmou que a embriaguez, mesmo confessa, deveria ser comprovada, por isso exames de sangue foram feitos.

O delegado também alegou que não poderia prender o homem por conta da CNH cassada, porque o motorista foi encontrado em casa, e não dirigindo.

Ele ainda afirmou que não teve acesso, no momento em que o condutor estava na delegacia, ao vídeo do atropelamento.

Por fim, o delegado contou que não foi comunicado sobre a apuração da corregedoria da Polícia Civil, mas se defendeu dizendo que cumpriu a lei.

 

Inquérito

 

No primeiro depoimento, o motorista suspeito de atropelar os jovens contou que havia ingerido bebida alcoólica, dormiu ao volante e sentiu que bateu em algo, mas alegou que não parou porque não tinha percebido que eram as vítimas.

Uma passageira que estava no veículo prestou depoimento à polícia, mas também disse que estava dormindo e não viu o que aconteceu.

O condutor foi liberado depois de prestar depoimento, causando indignação e revolta entre os familiares das vítimas. O delegado titular de Novo Horizonte, então, instaurou inquérito para investigar o atropelamento.

“Não vamos descartar nenhuma hipótese, inclusive a de dolo. As imagens vão ser analisadas para descobrimos se houve um desvio ou uma perda de controle. Os policiais militares afirmaram que, mesmo após mais de quatro horas do fato, o motorista ainda aparentava estar embriagado”, disse o delegado André Luiz Ferreira de Almeida.

 

Condenações

 

O motorista envolvido no caso possui histórico de condenações por outros crimes, segundo informações apuradas pela TV TEM.

Apenas neste ano, o homem foi condenado a pagar indenização de R$ 4,5 mil por danos materiais e mais de R$ 5,4 mil por danos morais em um processo julgado no município de Itajobi (SP).

Outros dois processos envolvendo o suspeito foram tramitados em Novo Horizonte.

Em 2019, ele foi condenado a seis meses de detenção em regime aberto por dano. Já em 2017, homem foi condenado a dois anos de reclusão em regime semiaberto pelo crime de lesão corporal grave.

Além das condenações, o motorista ainda responde a um processo judicial por injúria desde janeiro de 2020.

Carro foi apreendido pela polícia, em Novo Horizonte (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

Carro foi apreendido pela polícia, em Novo Horizonte (SP) — Foto: Arquivo Pessoal


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