Muitas pessoas ainda não entendem como funciona o coeficiente eleitoral, uma regra essencial nas eleições proporcionais que tem o poder de determinar quem se elege e quem fica de fora, independentemente da quantidade de votos que cada candidato recebe. Essa matemática complexa é responsável tanto pela alegria de uns como pela frustração de outros, e casos como os de Jales e São Francisco mostram como ela afeta diretamente o resultado das eleições.
Em Jales, a vereadora do MDB, que foi a segunda mais votada com 931 votos, ficou fora da Câmara Municipal. O resultado foi comemorado por algumas pessoas, mas também gerou questionamentos sobre como é possível que uma candidata com uma expressiva quantidade de votos não consiga se eleger.
Em São Francisco, um dos vereadores mais atuantes do primeiro mandato também não foi reeleito, mesmo sendo o segundo mais votado com 97 votos. Neste caso, a população lamentou a perda de um político jovem e comprometido com a cidade.
Mas, afinal, como funciona o coeficiente eleitoral e por que ele pode resultar em situações como essas?
O coeficiente eleitoral é um cálculo utilizado para definir quantas cadeiras cada partido ou coligação terá direito no Legislativo, seja ele municipal, estadual ou federal. Primeiramente, para calcular o coeficiente eleitoral, divide-se o total de votos válidos (ou seja, descontados os votos brancos e nulos) pelo número de cadeiras em disputa. Esse resultado é o número mínimo de votos que um partido ou coligação precisa atingir para garantir uma vaga.
Depois de definido o coeficiente eleitoral, passa-se para o coeficiente partidário, que determina quantas cadeiras cada partido ou coligação terá direito. Esse coeficiente é obtido dividindo-se o número total de votos que o partido recebeu pelo coeficiente eleitoral. Cada partido ou coligação conquista um número de cadeiras proporcional ao seu desempenho nas urnas. É aqui que muitas vezes candidatos muito votados ficam de fora, enquanto outros, com menos votos, conseguem uma cadeira devido à força do partido.
No caso da vereadora de Jales, apesar de ela ter tido uma grande quantidade de votos, o partido não alcançou votos suficientes para conquistar mais cadeiras, o que a deixou fora da Câmara. Já em São Francisco, a situação foi semelhante: o vereador, apesar de ser muito bem votado, não conseguiu se reeleger porque seu partido não obteve o coeficiente necessário.
Essa forma de distribuição visa garantir a representatividade proporcional, ou seja, que não apenas os candidatos individuais sejam considerados, mas também a força dos partidos. Assim, partidos menores, que conseguem organizar seus votos de maneira eficiente, podem conquistar cadeiras, mesmo que seus candidatos não sejam os mais votados individualmente. Em contrapartida, candidatos muito populares, mas de partidos com baixa votação, podem ficar de fora.
O coeficiente eleitoral, portanto, é uma tentativa de equilibrar a representatividade, mas também é um sistema que causa surpresa e frustração para muitos eleitores e candidatos. Enquanto para alguns é motivo de comemoração, para outros é uma regra que parece injusta. Por isso, entender como funciona é essencial para compreender os resultados das eleições e a dinâmica política em nosso país.