Um homem e três mulheres da mesma família foram assassinados neste domingo (12) na comunidade quilombola Casinhas, zona rural de Jeremoabo, cidade do sertão da Bahia a 385 km de Salvador.
A família foi encontrada morta com disparos de arma de fogo dentro de um carro na estrada que dá acesso ao povoado.
As vítimas foram identificadas como Flavia Nunes de Jesus, 32, Dominga Maria de Jesus Silva, 68, Judite Angelina de Jesus Santos, 74, e Eguinaldo de Jesus Silva, 43.
Uma quinta vítima, também ferida pelos disparos de arma de fogo, foi socorrida para um hospital da região -não foram divulgadas informações sobre o seu estado de saúde.
Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada no início da manhã deste domingo e encontrou os corpos com marcas de disparos. O local foi isolado para a realização de perícia.
O caso será investigado pela Polícia Civil, que informou que está com equipes em campo realizando diligências investigativas para esclarecer as mortes.
Em nota, a Polícia Civil informou que apurações iniciais apontam indicativo de autoria e que a principal linha investigação a disputa entre famílias da comunidade.
O povoado de Casinhas, em Jeremoabo, foi certificado em 2010 como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Dede então, a comunidade luta pela titulação das terras.
A Bahia, estado com maior número de mortes violentas do país em números absolutos, enfrenta um cenário complexo na segurança pública que desafia o governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Além de estar presente em suas periferias urbanas, a criminalidade também se espalha por áreas rurais, com uma escalada de conflitos fundiários que se agravou nos últimos anos e segue provocando mortes e tensão em territórios conflagrados.
Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, a Bahia registrou no ano passado 99 conflitos agrários em áreas que chegam a 275 mil hectares, onde moram cerca de 9.500 famílias.
Ao todo, 27 pessoas foram ameaçadas de morte devido aos conflitos e três foram assassinadas. Neste ano, foram registradas mais três mortes violentas de indígenas e quilombolas.
Dados da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), apontam que ao menos 11 quilombolas foram assassinados na Bahia nos últimos dez anos.
O governo da Bahia criou neste ano uma coordenação de mediação de conflitos fundiários na Polícia Civil, que terá mais estrutura para atuar em casos que envolvem comunidades tradicionais.