O casal saiu de Jales, em 2017, a intenção era ficar 4 anos pedalando, mas...a pandemia interrompeu parte do sonho.
Em fim eles voltaram, e contaram parte da história hoje (17) na TV TEM.
A entrevista na época em 2017 foi do Jornal de Jales:
No próximo dia 23 de julho, o médico patologista Thiago Gabriel, vinculado ao corpo clínico da Unidade de Jales do Hospital de Câncer, e sua esposa Flávia, iniciam uma viagem completamente diferente dos roteiros tradicionais. Pedalando uma bicicleta eles darão uma espécie de volta ao mundo, percorrendo 50 mil quilômetros em 50 países.
Em entrevista ao Jornal de Jales, Thiago explicou porque resolveu sair da zona de conforto, “jogar tudo para o alto”, deixando para trás, durante aproximadamente três anos e meio, profissão, emprego, família e amigos. (D.R.J.)
J. J. - Desde quando vocês resolveram praticar o cicloturismo?
Thiago - Eu sempre pedalei desde criança para minhas atividades habituais, enquanto morava em Andradina. Com 18 anos me mudei para São Paulo para estudar e a bicicleta ficou um pouco de lado até o término da faculdade. Como já diz o dito popular “andar de bicicleta a gente nunca esquece”, com o trânsito caótico e emperrado da capital decidi reavivar o hábito de andar de bicicleta para me dirigir ao trabalho e para os estudos de residência médica no Hospital das Clínicas.Gostei de me locomover de bicicleta na grande cidade e comecei a ir em todos os lugares assim, desde o trabalho até nos barzinhos e restaurantes durante a noite. Me sentindo mais seguro nas pedaladas comecei a me questionar sobre a possibilidade de ir mais longe de bicicleta e decidi fazer pequenas viagens durante feriados ou finais de semana. Após algumas pesquisas, equipei melhor minha bicicleta para tanto e acabei conhecendo o Clube de Cicloturismo do Brasil. Na primeira palestra do clube que eu fui, em meados de 2013, encontrei outras pessoas que viajavam de bicicleta, inclusive longas distâncias por diversos países e acabei me descobrindo com um cicloturista, cada vez mais apaixonado pelo assunto desde então. No final de 2013 estava morando na cidade de Taubaté e conheci a Flavinha. Logo acabei a contagiando com o “vírus do cicloturismo” e desde então é a nossa maneira preferida de viajar.
J. J. - Como é a preparação para este tipo de modalidade?
Thiago - Na verdade o hábito de andar de bicicleta já é o suficiente para começar. Diferentemente de outras modalidades ciclísticas, o cicloturismo visa aproveitar o caminho. Em viagens de longas distâncias os primeiros dias são os mais difíceis, mas a estrada acaba treinando os viajantes, que logo se adaptam a bicicleta mais pesada devido a bagagem que vai presa a ela.
J. J. - Há muitos brasileiros praticando este tipo de viagem?
Thiago -Digamos que há mais do que se imagina, para quem não conhece bem. Há brasileiros(as) percorrendo a américa, europa e ásia de bicicleta, inclusive no momento que estou dando estas respostas e nós temos contato com alguns deles.
J. J. - De onde veio a idéia de percorrer o mundo de bicicleta?
Thiago - Sempre adoramos viajar e depois que descobrimos o cicloturismo acabamos nos apaixonando por esta modalidade. Há cerca de 3 anos atrás nos sentamos e conversamos a respeito da ideia de conhecer o mundo da maneira que mais gostamos de viajar, de bicicleta, nos planejamos e vimos que seria possível.
J. J. - Quantos países vocês pretendem percorrer?
Thiago - De acordo com esboço de nossa rota (lembrando que em viagens longas assim muitas coisas podem mudar, inclusive a direção) estamos esperando algo entre 40 a 50 países.
J. J. - Em quanto tempo vocês pretendem percorrer o trajeto?
Thiago -Este trajeto tem mais de 40 mil quilômetros, e a média, aproveitando o percurso, é entre 1000 a 1200 km/mês, logo a expectativa de duração é entre 3 anos e meio a 4 anos. Outros cicloviajantes também relatam este tempo para a volta ao mundo.
J. J. - Quem está financiando este projeto ou vocês vão viajar com recursos próprios?
Thiago - Vamos viajar com recursos próprios, frutos de economia e planejamento durante alguns anos e mais o dinheiro da venda de quase todas as nossas coisas antes de viajarmos. Diferentemente do que alguns podem pensar, a viagem de bicicleta é bem mais barata do que outros meios de transporte, perdendo apenas para a modalidade “a pé” acreditamos. Cogitamos a possibilidade de patrocínio ou apoiadores financeiros e de equipamentos, mas temíamos ficar “presos” de alguma forma a esses e então decidimos ir por nós mesmo, da maneira mais livre o possível.
J. J. - O fato de ser médico patologista de uma instituição como o Hospital de Câncer-Unidade de Jales, portanto com vida profissional equilibrada, chegou a gerar dúvidas sobre a viabilidade da viagem?
Thiago - Deixar o emprego foi algo difícil, uma vez que sou muito feliz na minha área, adoro o que faço e trabalhar no Hospital de Câncer de Barretos, unidade Jales, foi muito bom para mim, tanto no sentido profissional como humano, fiz muitas amizades que vou sentir saudades. Mas como já dizia minha mãe “para fazer o omelete, deve se quebrar os ovos”. Depois de muito pensar, acabamos optando pelo nosso sonho neste momento e abrimos mãos de outras coisas por isso, não se pode ter tudo na vida. Pretendo voltar a exercer minha profissão após a viagem, digamos que esta é uma pausa estratégica para um sonho, que não temos a certeza se seremos capazes de realizar se deixarmos para depois.