O corpo de Mauricéia da Silva Molina era velado na capela São Carlos, em Buritama, quando uma dúvida surgiu: estaria ela viva? Devido a falta de rigidez dos membros superiores, familiares acreditaram que talvez ela ainda respirasse.
Foi então que uma movimentação se iniciou, fazendo com que o corpo de Mauricéia fosse encaminhado para a Santa Casa da cidade dentro do próprio caixão, para ser examinada.
O fato se espalhou pela cidade e logo ganhou as redes sociais, que adicionou novos e falsos elementos na história. A Folha da Região foi até a cidade, que fica a cerca de 40 quilômetros de Araçatuba, para desvendar a história, após receber informações pelo Whatsapp. Algumas dela indicavam que, durante o velório, Mauricéia teria acordado e até se levantado. Porém, a reportagem constatou que isso não ocorreu. Quem afirma é a cabeleireira Maria Aparecida Gonçalves Segobi, que era vizinha de Mauricéia. "Ela passou mal durante a noite e nós a levamos para o pronto-socorro. Mas depois ficamos sabendo que tinha morrido", conta. A confusão no velório, segundo Maria, começou quando parentes notaram a falta de rigidez do corpo da mulher. "As pernas dela estavam duras, mas o tronco e braços moles. A irmã dela foi se despedir, antes de sair para o enterro, e o braço dela caiu. Então acharam que estava viva. O irmão dela ligou para a funerária a levamos para o pronto-socorro, onde foi constatada que realmente estava morta", relembra.
A reportagem apurou que Mauricéia foi levada para o hospital ainda dentro do caixão e, após o médico plantonista cravar que o corpo estava sem vida, ela foi levada de volta e sepultada no final da tarde de segunda-feira (15). INVESTIGAÇÃO A Polícia Militar compareceu ao velório e na Santa Casa. A causa da morte de Mauricéia não foi divulgada. Mas, segundo apurado pela reportagem, teria ocorrido devido a problemas no fígado. O irmão dela teria morrido na semana passada pelo mesmo motivo. A reportagem não conseguiu contato com familiares da vítima. A falta de rigidez dos membros superiores e do tronco da vítima é natural, apesar de não ser normal. O endurecimento dos músculos acontece cerca de duas horas após a morte, começando pelos membros.
O total enrijecimento do corpo, no entanto, pode levar até 12 horas e pode variar conforme a temperatura do ambiente. Os músculos voltam ao relaxamento normal apenas depois de 36 horas.
BOATO
Moradores de Buritama entraram massivamente em contato pelo Whatsapp da Folha da Região (99663-5314) denunciando o caso. Em um dos textos encaminhados, a pessoa afirmava que Mauricéia apresentava batimento cardíaco.
Já em outra mensagem, a informação era de que a vítima teria se levantado do caixão e bebido água, versão essa confirmada por moradores consultados pela reportagem nas ruas daquela cidade.
Aliás, não se falava em outra coisa. Em cada ponto da cidade, a desventura no velório era tema das conversas, cada uma com um elemento diferente.
( IVAN AMBRÓSIO E MÁRCIO BRACIOLI – Folha da Região)