Justiça

Atos golpistas: Moraes autoriza nova investigação contra Zambelli



Lula Marques/EBC

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a Polícia Federal a abrir investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suposta participação nos planos golpistas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Delegados da Polícia Federal afirmam que Zambelli intermediou a ida de uma influenciadora para a Espanha. A viagem teria o objetivo de colocá-la em contato com o general venezuelano Hugo Carvajal para falar sobre suposto financiamento do governo de Nicolás Maduro para movimentos de esquerda na América Latina e Europa.

A PF diz, segundo a decisão de Moraes, que após ter voltado ao Brasil, a "influenciadora Elisa Robson teria repassado um dossiê do caso ao então ministro da Justiça, Anderson Tores, de forma que ele teria se utilizado da Polícia Federal para instaurar um inquérito policial sobre o tema".

O dossiê elaborado pela influenciadora foi usado pela Polícia Federal para abrir uma investigação da Polícia Federal sobre o assunto faltando duas semanas para o primeiro turno das eleições presidenciais, em 2022.

Segundo Moraes, a investigação da PF tentava "conferir credibilidade às narrativas inverídicas propagadas pela milícia digital em relação ao principal opositor político do então presidente Jair Bolsonaro, de modo a se obter vantagem de natureza eleitoral às vésperas do pleito".

A decisão de Moraes foi tomada na terça-feira (23), sob sigilo. O caso foi revelado pelo G1 e confirmado pela Folha de S.Paulo.

A assessoria de Carla Zambelli disse que a deputada recebeu com surpresa -e pela imprensa- a notícia de que foi incluída na investigação sobre a tentativa de golpe.

"Por não ter conhecimento dos fatos em questão, a parlamentar somente poderá se manifestar após ter acesso aos autos, mas estará à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos julgados necessários", disse a assessoria.

A história sobre o general Carvajal foi citada por Bolsonaro durante reunião ministerial em 5 de julho de 2022. As falas da reunião mostram o ex-presidente discutindo com auxiliares cenários golpistas diante da proximidade das eleições.

O vídeo do encontro foi encontrado pela Polícia Federal e embasou operação contra Bolsonaro, ministros e militares em fevereiro deste ano.

"Temos informações do general Carvajal lá da Venezuela, preso na Espanha, já fez a delação premiada dele lá. Por 10 anos abasteceu o dinheiro do narcotráfico, Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales, essa turma toda que vocês conhecem", disse Bolsonaro no começo da reunião.


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