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Após críticas, São Sebastião cancela show no aniversário de um ano de tragédia



No domingo (18), a prefeitura havia anunciado nas redes sociais as apresentações de Fernanda ao custo de R$ 45 mil e a da dupla, por R$ 120 mil.(Reprodução/Felipe Augusto/Facebook)

A contratação de um show ao custo de R$ 165 mil para marcar um ano da tragédia que deixou 64 mortos na cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, não pegou bem e foi duramente criticada nesta segunda-feira (19). Tanto que a apresentação da dupla sertaneja Henrique & Diego foi cancelada, mesmo com os músicos já no palco.

A cantora Fernanda Costa, que chegou a se apresentar, tirou foto nos bastidores com a dupla, que cantaria logo em seguida. No entanto, com pouco público no espaço, a organização anunciou que não haveria nova apresentação.

No domingo (18), a prefeitura havia anunciado nas redes sociais as apresentações de Fernanda ao custo de R$ 45 mil e a da dupla, por R$ 120 mil. O post anunciando os dois shows foi apagado nesta segunda.

Procurada, a prefeitura não respondeu sobre o motivo de o segundo show que havia sido anunciado não ter ocorrido. Questionado, o prefeito, Felipe Augusto (PSDB), disse não ver contrassenso em gastar R$ 165 mil nos shows.

"Não houve contrassenso nenhum, pelo contrário. A cidade viveu o melhor Réveillon e o melhor Carnaval da história", disse ele à reportagem. "Festa para todos os lados. Hoje é o dia de celebrar a vida. Temos que homenagear os nossos mortos, as pessoas que infelizmente perderam a vida e as famílias sempre. Mas nós temos que celebrar a vida. E Deus traz essa mensagem: após a dor, vem a alegria."

Em nota, a assessoria de comunicação do governo do estado informou que "não há qualquer ligação com o show ou recursos investidos nas apresentações".

Os artistas foram contratados com verba da Secretaria de Turismo, embora o evento não tenha nenhuma relação com o fomento dessa área.

A realização do show provocou reações nas redes sociais. "Comemorar o quê? A morte de mais de 60 pessoas porque o prefeito, que agora quer lucrar com a tragédia? deixou de fazer o que devia?", questionou Eduardo Magossi.

"Quanta ignorância fazer barulho onde o silêncio é símbolo de respeito. Respeito as vitimas, aos familiares que perderam seus entes, amigos? A população que hoje [a maioria] sofre de estresse pós traumático. Vocês erraram, e erraram feio", afirmou Julia Tavares.

A cerimônia, que contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de autoridades locais e estaduais, marcou a entrega de 518 residências que são voltadas às famílias afetadas pelas chuvas extremas. Os apartamentos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) estão instalados no bairro Baleia Verde, na costa sul da cidade.

Na madrugada de 19 de fevereiro de 2023, mais de 600 milímetros de chuva desabaram sobre a cidade. O maior volume já registrado em uma única precipitação no país dissolveu encostas na Serra do Mar que caíram sobre estradas e casas, deixando muitos desabrigados.

Como reportagem da Folha de S.Paulo mostrou, um ano depois do episódio, a resposta do poder público à crise, apesar de bilionária, acumula atrasos, recuos e desacertos quanto a oferta de moradia, desocupação de locais sujeitos aos efeitos de eventos climáticos extremos e conclusão de obras preventivas.


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