Nesta quinta-feira (06), saí de casa por volta das 14h30.
O sol escaldante castigava, mas meu objetivo era simples: comprar um único pão. A dengue debilitara meu corpo, e aquele alimento simbolizava meu retorno à normalidade. Mas, ao dobrar a esquina de minha casa, um encontro inesperado transformou completamente a minha jornada.
Sob a sombra rala de uma árvore, uma mulher chorava copiosamente. Seu sofrimento era evidente. Dei a volta no quarteirão, parei ao seu lado e perguntei com delicadeza:
— O que aconteceu, meu amor?
Ela ergueu os olhos marejados e respondeu com um suspiro pesado:
— Ai, moço, eu não aguento mais viver. Eu estou cansada.
Em suas mãos, alguns panos de prato. Seu sustento, sua batalha diária para alimentar sua família. Sem hesitar, a abracei. Senti seu desespero, sua dor. Tirei do bolso uma nota de cem reais e entreguei a ela, dizendo:
— Calma, as coisas vão mudar. Tenha fé, não desista!
Ainda em meio ao choro, contou-me sua história. Veio de Santa Fé do Sul, tem três filhas e enfrenta uma luta constante para manter o básico dentro de casa.
A maior humilhação, segundo ela, é ter que pedir aos vizinhos, absorvente para sua filha de 14 anos, pois o dinheiro nunca é suficiente para tudo. Com os olhos brilhando de gratidão, disse-me que aquele valor garantiria comida em casa nesta noite, pois no bolso restavam apenas trinta reais.
Segui meu caminho, com o objetivo daquele único pãozinho que fui buscar. Meu corpo ainda meio fraco, mas minha alma pesada.
Enquanto seguia, um pensamento não saía da minha cabeça: e amanhã? O pão daquela família estaria garantido novamente?
Esse encontro me fez refletir sobre a dura realidade de tantas pessoas que enfrentam a fome, a miséria e a desesperança. Pequenos gestos podem ser a diferença entre a sobrevivência e o desespero absoluto. E se cada um de nós olhasse para o lado e fizesse um pouco mais? Não apenas em dinheiro, mas em empatia, em suporte emocional, em humanidade?
Que possamos lembrar que, para alguns, um único pão não é apenas um alimento. É a esperança de um amanhã menos cruel.
E que nunca nos falte o desejo de mudar o mundo, mesmo que seja apenas através de um pequeno gesto de amor.